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Neurociências, Psicofisiologia e Actividade Humana

Neurociências, Psicofisiologia e Actividade Humana

De forma sucinta podemos referir então que a psicofisiologia estuda uma dimensão corporal e uma dimensão mental (ou se quisermos psicoemocional). Miller (1978) sustenta que o corpo é o meio da experiência e o instrumento da acção, em que através das suas acções nós damos forma e organizamos a nossas experiências, bem como distinguimos as nossas percepções do mundo exterior das sensações que emanam do próprio corpo.

Neurociências, Psicofisiologia e Actividade Humana

Luis Alberto Coelho Rebelo Maia – Neuropsicólogo Clínico & Forense. Beira Interior University, Portugal

Professor Auxiliar da Universidade da Beira Interior (Portugal); Pós Graduado em Ciências Médico-Legais (ICBAS); Licenciado em Psicologia Clínica (Universidade do Minho); Mestre em Neurociências (Faculdade de Medicina de Lisboa); Grau de Salamanca em Neuropsicologia Clínica (Universidade de Salamanca – Espanha); Grau de Suficiência Investigadora (Universidade de Salamanca – Espanha); Doutorado em Neuropsicologia Clínica pela Universidade de Salamanca (Espanha)

Universidade da Beira Interior – Portugal, Professor PhD;

– A Psicofisiologia no campo de estudos do comportamento.

Como referem Cacioppo, Tassinary & Berntswon (2007), a psicofisiologia é uma ideia antiga relacionada com uma ciência relativamente recente, verificando-se que, desde que a humanidade começou a ter a percepção dos seus próprios fenómenos internos, emocionais, cognitivos, sensoriais, etc., foi crescendo a ideia, de forma intuitiva, que, de alguma forma, as alterações corporais deveriam estar, em alguma medida, relacionadas com os estados de humor, os sentimentos, as frustrações e as mais diversas manifestações humanas.

De forma sucinta podemos referir então que a psicofisiologia estuda uma dimensão corporal e uma dimensão mental (ou se quisermos psicoemocional). Miller (1978) sustenta que o corpo é o meio da experiência e o instrumento da acção, em que através das suas acções nós damos forma e organizamos a nossas experiências, bem como distinguimos as nossas percepções do mundo exterior das sensações que emanam do próprio corpo.

Ainda de acordo com Cacioppo, Tassinary & Berntswon (2007), a anatomia, a fisiologia, e a psicofisiologia são ramos da ciência organizados em torno dos sistemas corporais com o objectivo colectivo de elucidar a funções das estruturas bem como das suas partes, bem ainda como os sistemas relacionados, do corpo humano, nas suas interacções com o ambiente. A anatomia, dizem, seria a ciência da estrutura do corpo e do relacionamento entre as estruturas. A fisiologia estaria relacionada com o estudo das funções corporais ou de como as partes do corpo actuam. Para ambas as disciplinas, continuam os autores, o que se considera uma parte corporal varia de acordo com o nível de organização, indo do nível molecular ao celular e ao dos órgãos e respectivos tecidos. Assim, Cacioppo, Tassinary & Berntswon (2007), referem que a anatomia e a fisiologia do corpo estariam intrinsecamente interrelacionada e as neurociências em particular, redundariam nesta intersecção.

Por este somatório de pontos de vista, a psicofisiologia estaria intimamente relacionada com a anatomia e a fisiologia, estando contudo fortemente relacionada com os fenómenos psicológicos, ou seja, a experiência e o comportamento dos organismos no seu ambiente físico e social.

Assim a psicofisiologia poderia ser vista como o estudo das relações entre as medidas fisiológicas e os estados ou processos psicológicos relacionados normalmente com conceitos como aprendizagem, emoção, activação (arousal) e cognição (Dawson, 1999).

As distinções mais primárias entre a psicofisiologia e a neurociência comportamental são o foco da psicofisiologia em processos cognitivos superiores e a tentativa de os relacionar com a integração de sistemas nervosos centrais e periféricos (Cacioppo, Tassinary & Berntswon, 2007). Assim, quando passamos de um campo fisiológico para psicofisiológico tal processo faz-se acompanhar da mudança de complexidade na capacidade de compreender sistemas simbólicos de representação, como sejam a linguagem, a matemática, para poder se comunicada e traduzir-se na experiência humana, ou simplesmente na nossa história, bem ainda com compreender a influência de factores culturais e sociais nas respostas fisiológicas e no comportamento como um todo.

Em suma, estes factores contribuiriam para a plasticidade, adaptabilidade e variabilidade do comportamento. Mais ainda, terminam Cacioppo, Tassinary & Berntswon (2007), a Psicologia e a Psicofisiologia compartilham do objectivo de explicar a experiência e o comportamento humanos, e as construções e os processos fisiológicos são um componente explícito e integral do pensamento teórico na psicofisiologia. Assim, depois de tudo, defendem, o objecto de estudo da psicofisiologia deve ser visto como um fenómeno (psíquico, social, cultural, etc.) corporizado.

– Níveis de análise do comportamento

Quando se avalia o comportamento, para se poder avaliar os seus diferenciados “níveis de análise”, deve-se clarificar o que aqui entendemos por “comportamento”. Não utilizaremos aqui o termo comportamento vindo da terminologia comum em que se considera apenas as acções expressas por um determinado organismo (por exemplo, andar, escrever, falar, etc.), mas sim toda e qualquer resposta do organismo, seja ela mais corporal (e.g. aumento da respiração – hiperpneia), redução dos batimentos cardíacos (bradicardia), etc., mas também alterações mais subjectivas, sendo contudo respostas concretas do organismo, como sejam as emoções, os estados de humor, um pensamento, etc.

Em psicologia, uma das formas de diferenciar estes tipos de respostas é defini-las como respostas abertas (comportamentos observáveis pelos outros indivíduos) e respostas cobertas (em que apenas o próprio sujeito pode ter a percepção que estão a ocorrer – por exemplo, o pensamento). Existe obviamente um conjunto sem número de respostas fisiológicas internas que, sendo respostas corporais, não imagéticas, não poderiam ser caracterizadas respostas cobertas, como no seio da psicologia se está acostumado: estamos a falar das alterações da respiração, dos batimentos cardíacos, dos movimentos peristálticos intestinais em reacção, por exemplo, a uma situação de stress. Todavia, o que aqui importa salientar é que, quando utilizarmos a palavra comportamento, estaremos a referir-nos a toda e qualquer resposta de um dado organismo.

Lipp, Frare & Santos (2007) procuram aferir da relevância