Adolescência e suicídio
Autor: Dra. María Elena Francia Reyes | Publicado:  19/07/2008 | | |
Adolescência e suicídio.4


O comportamento suicida abrange as seguintes manifestações:

 

1- O desejo de morrer. Representa a inconformidade e insatisfação do sujeito com seu modo de viver no momento presente e que pode manifestar em frases como: “a vida não merece a pena vivê-la”, “o que quisera é morrer-me”, “para viver desta maneira o melhor é estar morto” e outras expressões similares.


2- A representação suicida. Constituída por imagens mentais do suicídio do próprio individuo, que também pode expressar-se manifestando que se tem imaginado ajorcado ou que se ha pensado ajorcado.


3- As idéias suicidas. Consistem em pensamentos de terminar com a própria existência e que podem adotar as seguintes formas de presentação:

 

• Idéia suicida sem um método específico, pois o sujeito tem desejos de matar-se mas ao preguntar  como ele vai  chegar ao objetivo, responde: “não sei como, mas o vou a fazer”.

• Idéia suicida com um método inespecífico ou indeterminado na que o individuo expõe seus desejos de matar-se e ao perguntar-lhe como tem de faze-lo, usualmente responde: “De qualquer forma, me aforcando, me queimando, me atirando um balaço.

      • Idéia suicida com método específico não planificado, na qual o sujeito deseja suicidar- se e tem escolhido um método determinado para leva-lo a cabo, mas ainda não tem ideado quando o vá a ejecutar, em qué preciso lugar, nem tampouco tem tido em consideração as devidas precauções que tem de tomar para não ser descoberto e cumprir com seus propósitos de  auto-destruição.

      • O plano ou idéia suicida planificada, na que o individuo deseja suicidar-se, tem escolhido um método habitualmente mortal, um lugar onde o realizará, o momento oportuno para não ser descoberto, os motivos que sustentam essa decisão que tem de realizar com o propósito de morrer.

 

1- A ameaça suicida.

Consiste na insinuação ou afirmação verbal das intenções suicidas, expressada pelo perante  pessoas estreitamente vinculadas ao sujeito e que fizeram o possível por impedí-lo. Deve considerar-se como uma petição de ajuda.


2- O gesto suicida. É a maneira de realizar um ato suicida. Em tanto a ameaça é verbal, o gesto suicida inclui o ato, que pelo peral não tem lesões de relevância para o sujeito, mas que há que considerar muito seriamente


3- O intento suicida, também denominado parasuicidio, tentativa de suicídio, intento de auto-eliminação ou auto-lesão intencionada. É aquele ato sem resultado de morte no qual um individuo deliberadamente, se faz dano a si mesmo


4- O suicídio frustrado. É aquele ato suicida que, de não mediar situações fortuitas, não esperadas, casuais, Houvesse terminado na morte.


5- O suicídio acidental. É realizado com um método do qual se desconhecia seu verdadeiro efeito ou com um método conhecido, mas que não se pensou que o desenlace fosse a morte, não desejada pelo sujeito ao levar a cabo o ato. Também se incluem os casos nos que não se previram as complicações possíveis, como sucede na população penal, que se auto-agrede sem propósitos de morrer, mas as complicações derivadas do ato lhe privam da vida (injeção de petróleo na parede abdominal, introdução de alambres até o estômago ou pela uretra, etc.)


6- O suicídio intencional. É qualquer lesão auto-infringida deliberadamente realizada pelo sujeito com o propósito de morrer e cujo resultado é a morte. Na atualidade ainda se debate se é necessário que o individuo deseje morrer ou não, pois neste último caso estaríamos ante um suicídio acidental, no que não existem desejos de morrer, aliás o resultado tinha sido a morte.

 

De todos os componentes do comportamento suicida, os mais freqüentes são as ideais suicidas, os intentos de suicídio e o suicídio consumado, seja acidental ou intencional.

As idéias suicidas são muito freqüentes na adolescência sem que constituía um perigo iminente para a vida, senão se planifica ou se associa a outros fatores, chamados de risco, em cujo caso adquirem caráter mórbido e podem desembocar na realização de um ato suicida. O intento de suicídio é muito comum entre os adolescentes com predisposição para esta conduta e se considera que por cada adolescente que comete suicídio, o tentam ao redor de trezentos.

 

Os adolescentes que tentam o suicídio ou se suicidam se caraterizam por ter diversos fatores de risco para esta conduta, entre os que se encontram:

 

§ Provir de médios familiares com desvantagem social e pobreza educacional. Estar mais expostos a situações familiares adversa que acondiçoam a uma criança infeliz.

§ Apresentar maior psicopatología, incluindo depressão, abuso de sustâncias e conduta dissocial assim como a baixa auto-estima, impulsividade, desesperança e rigidez cognitiva.

§ Maior exposição a situações de risco suicida ou eventos vitais suicidógenos, como as relações humanas tumultuosas, os amores contrariados ou problemas com as autoridades policiais.



I- Fatores culturais e sociodemográficos

 

Os problemas socioeconômicos, os baixos níveis educacionais e o desemprego são fatores de risco para o comportamento suicida pois limitam a participação social ativa do adolescente, impedem a satisfação das necessidades mais elementais e coartam a liberdade de quem os padecem. Os fatores associados à cultura adquirem uma importância capital na conduta suicida entre as minorias étnicas, quem se vêem sometidos a um processo de  cultura colonial com perda da identidade e seus costumes e também se faz patente entre os imigrantes.

Overo foi o primeiro em utilizar o termo “shock cultural” para referir-se ao processo de adatação do inmigrante, o qual se carateriza por:

 

- Esforços constantes por lograr adaptar-se à nova cultura. Sentimentos de perda e pena, motivados pelas lembranças dos amigos, familiares, a profissão, as possessões e quanto se tinha deixado atrás. Sentimentos de ser rejeitado pelos membros da nova cultura.

- Confusão no rol, as expetativas, os valores e a identidade ante a nova cultura

- Surpresa, angustia, desgosto e indignação ante as deferências culturais às que deve adaptar-se. Sentimentos de não ser capaz de adaptar-se à nova cultura.

 

Entre as razões que podem contribuir ao suicídio dos adolescentes destos grupos populações se encontram estranhar a terra natal e seus costumes, problemas com o casal, infelicidade, baixa auto-estima, carência de amigos ou familiares, o isolamento social e a falta de comunicação pelas barreiras que impõe o idioma em caso que o país receptor difira do natal.

Um processo deste tipo, aliás com menos deferências, pode desencadear-se no curso de migrações internas, quando se trasladam as famílias, em busca de oportunidades, desde as zonas rurais às urbanas ou das províncias ou departamentos às capitais. A mudança ou migração interna, pode ser um fator de risco de suicídio de importância na adolescência, principalmente quando não se logra a adaptação criativa ao novo entorno.

 


II- Situação familiar e eventos vitais adversos.

 

A situação da família do adolescente suicida garante sua infelicidade e impede seu crescimento emocional, pois são comuns:

 

- Presencia de pais com transtornos mentais.

- Consumo excessivo de álcool, abuso de sustâncias e outras condutas dissociais em alguns dos membros.

- Antecedentes familiares de suicídio ou tentativas de suicídio e permissividade ou aceitação desta conduta como forma de afrontamento.

- Violência familiar entre seus membros, incluindo o abuso físico e sexual.

- Pobre comunicação entre os integrantes da família. Dificuldades para prodigar cuidados aos que os requerem.

- Freqüentes brigas, discussões e outras manifestações de agressividade nas que se involucram os membros da família, convertendo-se em geradores de tensão e agressividade.

- Separação dos progenitores por morte, separação ou divorcio.

- Freqüentes mudanças de domicílio a diferentes áreas.


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