Protocolo Pratico de Intervenção para as Perturbações de Ansiedade
Autor: Luis Maia, PhD | Publicado:  28/08/2012 | | |
Protocolo Pratico de Intervenção para as Perturbações de Ansiedade .1

Protocolo Prático de Intervenção para as Perturbações de Ansiedade

Luis Maia, PhD (2) , Catarina Pereira Gaspar (1), Mónica Mota Marques (1)

1 Estagiárias da Licenciatura em Psicologia Ramo Clínica e da Saúde da Universidade da Beira Interior
2 Professor Doutorado da Universidade da Beira Interior - Portugal.

Resumo

O presente artigo incide nas Perturbações de Ansiedade, tendo como objectivo fundamental a elaboração de um protocolo prático de intervenção terapêutica neste âmbito. O mesmo inicia-se com algumas definições relativas à ansiedade, medo, stress ,vários tipos de perturbações de ansiedade e respectivos factores de risco.
Seguidamente focaliza-se o processo de intervenção das Perturbações de Ansiedade, incidindo principalmente nos modelos cognitivo-comportamentais, tanto ao nível da avaliação como da intervenção propriamente dita. No entanto, ainda que esta separação seja feita neste artigo (avaliação e intervenção), tal e feito apenas por questões de estruturação do mesmo, uma vez que na prática o que acontece é que os dois se realizam simultaneamente.

Assim, realça-se a necessidade de, desde o começo do processo terapêutico, dever trabalhar-se no sentido de estabelecer uma relação terapêutica colaborativa, clarificar objectivos, etc., seguidos da psicoeducação do paciente acerca da perturbação em causa. Para além disso, salienta-se um conjunto de técnicas cognitivas e também comportamentais às quais se poderá recorrer.

Palavras-chave: ansiedade, avaliação, intervenção.

Practical Protocol for intervention & anxiety disorders

Abstract

This article focuses on anxiety Disorders, having as objective the development of a practical Protocol of therapeutic intervention in this area. It starts with some definitions relating to anxiety, fear, stress, various types of anxiety disorders and their risk factors.

Then focuses the process of intervention for anxiety Disorders, focusing primarily on cognitive-behavioral models, both at the level of evaluation as the intervention itself. However, even though this separation is made in this article (evaluation and intervention), its made just for the sake of structuring the same, since in practice what happens is that the two run concurrently.

So, highlights the need to, since the beginning of the therapeutic process should work to establish a collaborative therapeutic relationship, clarify objectives, etc., followed by patient psychoeducation about the disturbance in question. In addition, a set of cognitive and behavioral techniques also can be used.

Keywords: anxiety, evaluation, intervention.

Protocolo Práctico de intervención para trastornos de ansiedad

Resumen

Este artículo se centra en los trastornos de ansiedad, teniendo como objetivo el desarrollo de un protocolo práctico de intervención terapéutica en esta área. Comienza con algunas definiciones relacionadas con la ansiedad, miedo, estrés, diversos tipos de trastornos de ansiedad y sus factores de riesgo.

Luego se centra el proceso de intervención para los trastornos de ansiedad, centrándose principalmente en modelos cognitivos-conductuales, tanto a nivel de evaluación como la intervención en sí. Sin embargo, a pesar de que esta separación se hace en este artículo (evaluación e intervención), ese es hecho como estructuración del mismo artículo, una vez que en la práctica lo que sucede es que los dos procesos ocurren simultáneamente.

Así, se destaca la necesidad, desde el comienzo del proceso terapéutico, que debería establecer una relación terapéutica colaborativa, clarificar objetivos, etc., seguido por un psicoeducación del paciente sobre el disturbio en cuestión. Además, un conjunto de técnicas cognitivas y conductuales también puede ser utilizado.

Palabras clave: ansiedad, evaluación, intervención.


As perturbações da Ansiedade são hoje em dia as condições psiquiátricas mais prevalentes (Frances & Ross, 1999; Payette, 2001; Buller & Legrand, 2001; Issakidis & Andrews, 2002; Collins, Westra, Dozois & Burns, 2004; Holsboer, 2004; Grinde, 2004; Waghorna & Chanta, 2004), sendo mais comuns nas mulheres que nos homens (Payette, 2001). Não obstante o referido, o seu diagnóstico e tratamento nem sempre se apresenta como o mais adequado (Ballenger, 1999; Buller & Legrand, 2001; Issakidis & Andrews, 2002; Collins et al., 2004; Waghorna & Chanta, 2004), devido em parte ao carácter multidimensional das mesmas. Tal facto não afecta apenas os pacientes, mas toda a sociedade em geral, uma vez que uma disseminação e tratamento efectivo permitiriam não só uma efectiva melhoria da sua qualidade de vida, bem como uma forte redução nos custos sociais e económicos destas patologias.

Antes de nos debruçarmos sobre estas perturbações, há um conjunto de distinções que julgamos pertinente fazer.

Kelly (1981, cit. In Serra, 1989, p. 11) define ansiedade como «uma experiência subjectiva de apreensão ou de tensão, imposta pela expectativa de perigo ou de dificuldade ou da necessidade de um esforço especial». Esta é considerada uma emoção normal no ser humano, com uma função essencialmente adaptativa (Powell, 2000; Payette, 2001; Habib, 2003; Simmons & Daw, 2003), perante ameaças consideradas ou não reais, relativamente difusas que mobilizam o organismo para agir (Odriozola, 2001). Ou seja, é uma resposta integrante da organização interna do organismo, constituindo-se como um factor protector e adaptativo do indivíduo face às agressões externas (Cunha, 1996; Gouveia, 2000; Dias, 2003). É portanto um sinal de alerta que avisa para um perigo eminente, possibilitando a tomada de medidas que ajudem a ultrapassar a ameaça (Kaplan, Sadock & Grebb, 1997; Powell, 2000).

Em termos neurológicos o sistema límbico (sistema hipotalâmico, amígdala,...) e o córtex cerebral são apontados pelos investigadores como áreas cerebrais centrais ligadas à ansiedade (Kaplan et al., 1997; Gorman, Kluger & Park, 2002; Killcross, 2003). Habib (2003) menciona que a ansiedade resulta da activação do hipocampo, mais especificamente do sistema septo-hipocâmpico (conjunto de fibras que partem do hipocampo e atingem a região septal através da via semicircular do fórnix), por um acontecimento aversivo ou significativo para a pessoa, «provocando um efeito estereotipado de inibição comportamental associado à acentuação da vigilância» (Habib, 2003, p.194). Esta activação é automática, devido à acção do sistema nervoso autónomo, e envolve três neurotransmissores principais: noradrenalina, serotonina e ácido gamma aminobutírico (GABA; Kaplan et al., 1997; Habib, 2003). No quadro I, apresentamos uma lista das principais reacções fisiológicas que a ansiedade despoleta, bem como os seus sintomas, de acordo com Powell (2000).

Quadro I

Reacção fisiológica - Sintomas

1 Activação de pensamento de tipo “que perigo é este e como é que eu me posso pôr em segurança”
Pânico, preocupação

2 O cérebro envia uma mensagem bioquímica à glândula hipófise, que liberta a hormona que irá activar a glândula adrenal para esta por sua vez libertar adrenalina
Dores de cabeça, vertigens

3 Dilatação pupilar
Visão distorcida

4 A boca começa a ficar seca
Dificuldade em engolir

5 Os músculos do pescoço e dos ombros começam a ficar tensos, prontos para a acção
Dor de pescoço, das costas e de cabeça

6 A respiração torna-se rápida e superficial, fornecendo mais oxigénio aos músculos
Respiração rápida, dores no peito, palpitações, asma, comichão

7 O coração bate mais rápido e a pressão sanguínea aumenta
Pressão sanguínea elevada

8 O fígado liberta o açúcar nele armazenado para produzir energia rapidamente
Excesso de açúcar no sangue, indigestão

9 Libertação de adrenalina e noradrenalina

10 A digestão lentifica-se ou pára enquanto o sangue é afastado do estômago
Náuseas, indigestão, úlceras

11 A pessoa sente o relaxamento dos esfíncteres
Necessidade de urinar frequentemente, diarreia


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